O artista Lobão trata de diversificados temas como apresentador do programa MTV Debate. Em um dos seus programas, o assunto em pauta era um questionamento: "O internetês está matando o português?". A partir do tema, os seus convidados, entre lingüistas, estudantes e artistas, debatem defendendo seus pontos de vista em relação às respostas "sim" e "não". É interessante analisar esse assunto por uma perspectiva da variação linguística, pois o "internetês" também é uma das formas de linguagem na contemporâneidade, que atende à uma demanda específica: agilidade na comunicação. Confira o 1° bloco do programa:
No dia 17 de novembro, Lobão inaugurou o seu site oficial com muitas novidades. A principal delas, é uma música que preparou especialmente para a inauguração, uma nova versão de Hora Deserta, do disco Noite de 1998, agora intitulada A Hora Deserta Bonanza. Ainda revelou que o cantor Renato Russo morreu no dia do seu aniversário e que, por essa razão, teria escrito a música num clima melancólico, já que foi produzida nessa época. Ele acrescenta no site: "Na época, eu não gostei muito do arranjo, meio eletrônico. Hoje ela tá com uma pegada do jeito que eu queria, mais clássica."
As constantes mudanças de arranjo de suas próprias músicas só fazem comprovar a natureza experimental do músico. Lobão, autor de vários sucessos como Me Chama,Vida Bandida e Vida Louca Vida, foi quem realizou o primeiro encontro da música pop com o samba, chamando a Estação Primeira de Mangueira para participar do seu disco Cuidado! e de seus shows, recordes de público pelo Brasil. Ainda gravou a música A Deusa do Amor com o ícone da MPB Nelson Gonçalves e, ao lançar em 1999 o disco A Vida é Doce pelo seu selo Universo Paralelo nas bancas de jornal de todo Brasil, foi influência para vários artistas como Beth carvalho, Titãs, Naná Vasconcelos, Supla, entre outros que seguiram seu exemplo. A partir daí, tornou-se um ícone da música independente no Brasil, participando de grandes festivais independentes pelo país em uma vitoriosa turnê com mais de trezentas palestras em universidades e rádios comunitárias.
Para ver fotos e vídeos do cantor acesse o site da MTV
Lobão sempre foi essencialmente um revolucionário. Um artista que utiliza da sua musicalidade para estar em posição de discussão de valores, regras e paradigmas encrostados na sociedade, normalmente posições contrárias a tudo isso. Consegue, na interpretação de suas músicas, mostrar seus anseios e agonias de uma forma muito transparente. Ele transpira insatisfação. O último CD (também DVD) lançado foi o Acústico MTV,em 2007, sucesso de público e crítica. Foi na mesma época que recebeu um convite para substituir o apresentador Cazé no programa Debate MTV, por indicação do próprio. Entrou por acaso, era para ser somente 3 meses, mas o programa teve um enorme sucesso e continua até hoje na emissora, com a apresentação de Lobão, que também participa fazendo as pautas e dando opiniões. Quanto a ser encrenqueiro ou polêmico, afirma, em entrevista ao site pernambucobeat, que só se dá ao direito de ter suas convicções e que no país da fofoca a opinião ainda é um tabu. Disse ainda: "Eu não quero ser lembrado porque fiz uma determinada música, eu espero ser lembrado por ter um trabalho e uma história consistentes, insistentes, contínuos, sobreviventes e por ser um homem vivendo livre e soberano a desprezar todas as espectativas contrárias, simplismente por fazer aquilo que quer e que gosta." Ao participar do Fórum de Letras de Ouro Preto deixou sua marca, dando, como é de costume, declarações bastante polêmicas. Entre as coisas que disse, mencionou Chico Buarque como um cantor que faz música anêmica, sem energia, sem vivacidade. Ainda disse: "A Bossa Nova é a mesma coisa, uma música easy listening, que toca em loja de departamento quando a gente vai comprar alguma meia."
Veja o Vídeo de Lobão falando sobre nacionalidade e bossa nova, no MTV Pública:
Como já foi dito na postagem anterior, o filme O Som do Coração foi indicado ao Oscar de melhor canção. A música indicada, Raise It Up, realmente merece tal classificação. Confira:
O filme O Som do Coração foi indicado, este ano, ao Oscar de Melhor Canção. Indicação justíssima, pois o filme transpira música e através dos sons, transmite não só emoções, mas também importantes valores. Conta a história de um casal que só teve uma única e mágica noite de amor e depois não pode mais se encontrar. Ela era violoncelista clássica e ele vocalista de uma banda de rock. Ela ficou grávida e teve o filho, que foi mandado para o orfanato pelo pai dela. O garoto cresceu com a esparança de encontrar os pais usando a sua sensibilidade musical. Até conseguir o seu objetivo, passou por situações de alegria e desventura, claro que todas carregadas de sons e harmonias. O filme perpassa por sentimentos como a inveja, a ganância, a esperança, a amizade, a exploração tendo a música como filtro, como uma chance de conhecer o desconhecido e descobrir novos horizontes. A música, os sons das ruas, os ruídos são, no filme, transmissores de significados diversos, demonstrando as sensações dos personagens e as transmitindo para os espectadores. O ponto fulcral do filme é mostrar como é necessária a sensibilidade não só, mas principalmente musical, para que se consiga perceber as coisas que estam bem à nossa frente e não as vemos, ou melhor, não as conseguimos escutar, sentir. Portanto, abra o coração (e os ouvidos!) para essa emocionante história.
Trailer do filme:
Para conhecer uma outra visão sobre o filme clique aqui
Chico César além de cantor, compositor, jornalista e cidadão comprometido com as suas responsabilidades sociais, é também escritor. Lançou o livro Cantáteis no Brasil pela Editora Garamond e na Espanha pela Edicions Positivas. Saiu tambem como audiobook pela Livro Falante.
Cantáteis, nas palavras do autor, é “um canto de amor e amizade a uma mulher”, e foi escrito impulsionado “por esse sentimento híbrido (amozade) e que muitas vezes julgamos formado por partes que se negam: o amor e a amizade”. A musa, mais além da mulher real que existiu na vida do poeta, é “uma representação de um tipo de mulher de São Paulo. Urbana, letrada, combativa, independente, freqüentadora dos círculos intelectuais alternativos, das rodas artísticas”. Se São Paulo, como disse outro poeta, é como o mundo todo, Cantáteis é uma experiência de linguagem que ultrapassa as fronteiras dos idiomas, das culturas, do nacional, do popular, do erudito, dos gêneros, das identidades, da língua.
Ao mesclar elementos da sua própria experiência, da vida cotidiana, com referências eruditas, da filosofia à política, e da cultura popular, do cinema, do pop, da comunicação de massas e do brega, entre outras, Cantáteis dialoga com uma rica vertente da literatura e da poesia contemporâneas. Mais além, na própria estrutura, por sua proposta cênica, musical (encontra-se em parte musicado) e midiática, o poema se insere no registro multimídia, característica marcante da criação poética a partir do século XX.
O cantor e compositor Chico César mergulha no espírito de duas principais festas populares nordestinas (o carnaval e os festejos juninos) para criar um disco alegre em que o foco encontra-se na força dos ritmos que animam essas festas: o frevo e o forró. E ainda no diálogo que esses ritmos têm naturalmente com bits universais. Por exemplo: o xote com o reggae, o frevo e o arrasta-pé com o ska. No que se refere especificamente ao frevo, uma novidade: a junção da linguagem das orquestras de metais de Pernambuco com a guitarra baiana dos trios elétricos da Salvador dos anos 70, em que a folia estava sob o comando de Dodô e Osmar. Enfim, um disco leve para tocar nas ruas e nas pistas, com forte apelo regional e internacional. Para levantar a poeira e o astral, inspirado no saudável estado de espírito com o qual o povo nordestino encara e faz suas festas.
Neste ano, Chico César conseguiu concluir a sede do ICCB (Instituto Cultural Casa do Béradêro). O instituto foi fundado em Catolé da Rocha, na Paraíba, cidade natal do cantor e ajuda as crianças carentes da região. Originou-se do projeto de canto coral da Irmã Iracy, moradora da região, intitulado Gente que Canta. O trabalho cresceu e transformou-se na Orquestra Gente que Encanta, quando Chico passou a assumir e ampliar para outras atividades relacionadas à cultura, saúde e auto-estima das crianças e adolescentes. A orquestra passou a fazer apresentações fora da cidade de Catolé, em São Paulo e Recife, por exemplo. Saíu do país em apresentações feitas em Portugual e na Espanha. Com a sede concluída, várias outras atividades foram inseridas, como Capoeira, Dança, Artes Visuais e Teatro. Além disso, estabeleceu uma parceria importante com a Universidade Federal da Paraíba, que dá ao projeto suporte pedagógico enviando professores para qualificar o trabalho e desenvolvendo oficinas na área de literatura.
Parece mesmo que o compositor gosta de afirmar suas raízes sertanejas. Não só nas suas músicas , como em seus projetos sociais (o ICCB, por exemplo) e também no auxílio de outros. No seu site oficial encontra-se uma página intitulada Faça a Diferença, que disponibiliza um link para o site das Cáritas Brasileiras. O projeto visa melhorar as condições de vida das famílias residentes no semi-árido brasileiro, através do abastecimento de água de boa qualidade para o consumo humano através do programa Convivência com o Semi-Árido.
Daniela Mercury e Chico César cantando À Primeira Vista, na Alemanha
Chico César tem uma bagagem cultural muito grande. A contar pelos tantos países que ele já visitou fazendo shows. Só no ano passado, passou pela Itália, França, Austrália e Nova Zelândia. Mesmo após uma longa turnê pela Europa e América Latina, no primeiro semestre desse ano, Chico continua desbravando o mundo com sua música. No dia 7, o artista participará do concerto intitulado Cem anos, Cem sonhos, que comemora os cem anos do nascimento do ex-presidente chileno Salvador Allende. O evento contará com a participação de mais de trinta artistas chilenos e estrangeiros (argentinos, espanhóis, panamenhos, cubanos). O concerto será às 21 horas, no Chile - Estado Nacional de Santiago no Chile e será organizado pela Fundação Salvador Allende, que busca com essa iniciativa lembrar a figura do ex-presidente e seu legado. Chico César já tem shows agendados para fevereiro de 2009 (dias 19, 20 e 21) na Holanda. Ele fará concertos com a Orquestra Sinfônica da Holanda em Amsterdã, Rotterdam e Utrecht.
Francisco César Gonçalves, mais conhecido como Chico César, herdou o primeiro nome do pai e do santo com que a mãe se apegava em tudo: Francisco. A origem do segundo nome vem da cisma do único irmão homem de que seria bom o irmão mais novo ter um nome de rei. Daí o César. Durante toda a sua infância morou no Rancho do Povo, numa casa de beira de estrada sem asfalto, há quatro quilômetros de Catolé da Rocha, interior da Paraíba. Conseguiu uma bolsa de estudos do Colégio das Freiras Franciscanas, onde a sua tia Maria era lavadeira. Depois passou pelo Colégio dos Padres Capuchinhos, Colégio Estadual, até chegar, enfim, no Curso de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba.
O gosto pela música começou aos oito anos, quando começou a trabalhar numa loja de discos e livros. Aos dez anos já participava de "bandas cover"e aos 14, era integrante do grupo Ferradura, que desbravava os festivais com canções próprias. Até que, com 16 anos de idade,quando se mudou para João Pessoa, conheceu o grupo Jaguaribe Carne, que o adotou. O grupo era voltado para a experimentação de linguagens: música aleatória, poesia concreta, cinema novo, Mao Tsé Tung, poesia pornô, música do mundo. A banda é, até hoje, uma referência muito forte na vida do artista.
Em 1984, saiu de João Pessoa e viajou por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro. Sentia-se nordestino demais para tocar nos locais modernetes da cidade, mas com uma música muito esquisita para tocar nas casas de forró. Então continuou a trabalhar como jornalista, sua formação. Foi revisor, copidesque, repórter e preparador de textos. Nos tempos de folga fazia pequenos shows em bares alternativos.
Viajou para a Alemanha a convite da Sociedade Cultural Brasil-Alemanha, para fazer algumas apresentações. Mas, foi o CD Cuscuz Clã, que popularizou suas músicas (Mama África, por exemplo). Daí em diante gravou o Aos Vivos e outros discos com gravações de músicas dele por diversas intérpretes importantes. Além disso, as turnês pelo mundo afora, assunto do próximo capítulo.