quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Meu, Seu Jorge


Seu Jorge é como um persogem popular : pode ser seu mecânico, seu amigo, seu parceiro, seu Jorge. O apelido ele ganhou com o amigo Marcelo Yuka, baterista do grupo O Rappa. É carioca, flamenguista, devoto de São Jorge, sambista e brasileiro. Diz ter muitos ídolos, a começar pelas "instituições do samba", Nelson Cavaquinho e a Estação Primeira da Mangueira. Na sequência, Romário, Steve Wonder e "nosso ministro do samba", Zeca Pagodinho.
Quando criança, morava numa casinha de um cômodo em Belford Roxo, bairro da Baixada Fluminense. Aos 10 anos, foi iniciado em seu primeiro ofício: borracheiro. Ganhava pouco, mas ainda sobrava dinheiro para pagar o bilhete do cinema. Estufava o peito e entrava de cabeça erguida no Big ou no Riviera, as duas salas de Belford Roxo. Aos 13 anos, começou a ir para portas de bailes, mas só conseguiu entrar com 16. Funk era o que não faltava na Baixada.
Jorge teve muitas profissões. Além de borracheiro, foi vendedor, pedreiro, relojoeiro, marceneiro, office-boy, contínuo de banco. Mas aos 10 anos já havia decidido que queria ser músico e cantor, já prestava atenção no samba e apreciava ver o pai tocar percussão em orquestras de baile de carnaval, de coreto de praça, de parque de diversão.
Seu Jorge já cantava em bares noturnos (imitando o timbre de Renato Russo), quando seu irmão do meio foi assassinado por uma chacina, na padaria do bairro. A família ficou completamente desestruturada e ele vagou na rua, sem ter onde morar, durante três anos. Mudou de hábito, adquiriu vícios, perdeu peso, perdeu o sono, só não perdeu a alegria de cantar. Foi justamente numa noite de gafieira, que foi convidado pelo clarinetista Paulo Moura a fazer teste de voz para uma peça musical. Não deu outra. Acabou encenando mais de 20 peças com a companhia TUERJ (Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e aprendeu vários novos ofícios: expressão corporal, cenografia, iluminação, cenotecnia e produção musical.
A experiência teatral foi um trapolim para a criação da banda Farofa Carioca, um prato combinado de samba, jongo, reggae, funk, rap, circo e dança. Participavam dos shows atores, bailarinos, trapezistas e malabaristas. A primeira grande realização profissional foi o CD lançado em 1998, "Moro no Brasil", em Portugual, no Japão e no Brasil. Seu Jorge define-se como um cantor e compositor popular, que gosta de inúmeros gêneros musicais, mas cujo fundamento é o samba, "O samba é a nossa verdade, nossa particularidade, é nossa medalha de ouro, nosso baluarte, nosso estandarte brasileiro", diz ele.
Além de cantor, compositor, instrumentista e produtor, também atua no cinema. Compôs as trilha sonoras dos longas-metragens "Amores Possíveis", de Sandra Werneck, "A Partilha", de Daniel Filho e "The Life Aquatic with Steve Zissou", de Wes Anderson. Atuou em "Cidade de Deus", no papel de Mané Galinha, filme no qual ganhou reconhecimento internacional.


Para ver Seu Jorge em shows, em Hollywood e Ipanema com a Farofa Carioca e em entrevista ao Programa do Jô e no Profissão Repórter :
www.seujorge.com/blog/home.php

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